Ao ler o artigo “Sobre impostos, racismo e um conselho de minha avó (comentário à entrevista de Fernanda Lima)”, me enviado em uma rede social por uma
querida amiga, apeteceu-me falar sobre conselhos da avó dos meus filhos.
Entendo as preocupações da Camila, a branca
e filha da professora de francês, em relação à concorrência desleal de alunos bem preparados contra aos que por questões econômicas e conjunturais não
tiveram a oportunidade de usufruir de uma escola com a mesma qualidade dos que
têm, por exemplo, acesso às escolas privadas.
E usando também o direito a um parênteses,
devo lembrar que todos pagamos impostos, pelo menos os certinhos, para que
entre outras coisas o estado patrocine uma escola com educação de qualidade, para
todos, brancos, negros e outros tons. Diria mesmo, ainda que atualmente quase
que utopicamente, para ricos e pobres, pois também os mais favorecidos economicamente
têm o direito democrático e social a escola pública. E com o direito democrático em mãos
temos que cobrar muito para que o estado busque com prioridade máxima incrementar
a disponibilidade da vagas nas escolas e universidades públicas, tanto quanto buscar
incrementar qualidade nas mesmas. Aprenda-se com o que o “Mais médicos” esteja
trazendo de bom para direcionarem também esforços na educação e não quererem
apenas cortar caminhos para não se correr o risco de cobrar a conta das
injustiças sociais de quem possa não ter também como pagar.
Ainda no parênteses, não entendo
porque a filha da empregada pobre tenha que ser negra para ser uma concorrente
a menos de uma filha de uma mãe que é professora de francês e branca.
Professora e possivelmente não de escola pública. Se a comparação
fosse entre uma filha de mãe pobre e de uma filha de família com melhores
condições financeiras, não chagaríamos ao mesmo resultado?
Mas indo então para o tema das duas
mulheres globais belíssimas, Fernanda Lima e Camila Pitanga, já que se
esqueceram que Lázaro Ramos também foi preterido pela opção por Rodrigo
Hilbert. Pelo menos é o que dizem os boatos. Pois de confirmação mesmo é a
afirmação da Camila Pitanga de que nunca recebeu o convite da Fifa para a
apresentação do evento do sorteio dos grupos da Copa. Sendo assim, ninguém voltou
atrás. Simplesmente mantiveram o casal que já havia apresentado o emblema
oficial da Copa de 2014, feita em Johanesburgo quando da Copa na África do Sul.
Sobre a (des)qualificação do termo
usado pela Fernanda Lima “pago os meus impostos”, penso que a Camila, a filha
da professora, usou como gancho uma colocação - talvez infeliz? – que não vejo
como consistente. Algumas vezes, talvez de forma infeliz, também uso o termo “pago
impostos”, especialmente quando me dou como português de nacionalidade,
moçambicano por naturalidade, mas cidadão brasileiro ao aqui residir há umas
dezenas de anos, pagando os meus impostos em dia, e me dando ao direito de
questionar o que acredito não ser tão bom neste imenso país, territorialmente e
de potencialidades multirraciais e culturais. Ou seja, o termo “pago impostos”
é me colocando ao lado dos demais, nas mesmas condições, e não num pedestal
olhando os pecadores de cima.
Temos sim problemas graves de
racismo, em algumas regiões chegando mesmo a ser algo que nem mesmo é tão bem
disfarçado. No entanto parte do país, tanto por entidades individuais como
institucionais, vêm perdendo o rumo trazendo assim prejuízos no formato do combate a tão retrogrado sentimento que é o racismo.
A avó dos meus filhos sempre me
disse: “Não mistures valores para justificares outros.”
Sempre li esse conselho da seguinte
forma: “Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa!”
Clique aqui para acessar o artigo a que me refiro neste post...
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