segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Dia Nacional da Consciência Negra

Foto do site Publique ideias
Dia 20 de Novembro é no Brasil o Dia Nacional de Consciência Negra. Neste tão importante movimento de valorização dos afrodescendentes, o grande ponte negativo dos últimos anos foi a “conquista” das cotas dos negros para as universidades públicas.
É incoerente com a própria condição da (des)organização da sociedade brasileira. Um dos argumentos dos defensores é a afirmação que brasileiros brancos têm, em média, dois anos a mais de escolaridade do que negros e pardos, de acordo com dados de 2008 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ora, há que buscar outras estatísticas para melhor avaliar se este argumento é forte suficiente para se criar um código que gere mais chances  de acesso a uma universidade pública para negros e pardos do que para outros cidadãos brasileiros, que hoje não têm culpa alguma pela história dos colonizadores e brasileiros do passado e que têm tantas dificuldades quanto os negros de classes menos favorecidas.
Numa pesquisa feita em 2011,pela UFRJ apontou que os negros e pardos representam  54,1% dos desempregados e/ou desocupados no país. Isso quer dizer que 46, 9% são não afrodescendentes. Aqui fica à partida algo que me parece injusto. Os negros que representam neste caso 54%, por questões históricas, têm mais possibilidade de acessarem uma faculdade que os outros 46% da população que também têm marcas profundas deixadas pela história.
O Censo 2010 apurou que, dos 16 milhões de brasileiros vivendo em extrema pobreza (ou com até R$ 70 mensais), 4,2 milhões são brancos e 11,5 milhões são pardos ou negros. Ou seja, esses 11,5 milhões de pessoas tem mais possibilidade de acesso à universidade do que os outros 4,2 milhões de pobres que a história não os beneficiou no século XXI pelo os que os seus ascendentes possam ter feito em séculos passados.
Não coloco aqui em questão a história suja da escravatura. O que não se pode é prejudicar outros 4,2 milhões pois esses não estão tirando proveito algum no Séc. XXI pelo o que a história nos mostrou no Séc. XV e seguintes.
Sei também que se buscou amenizar a injustiça das cotas para negros e pardos criando-se cotas para os alunos do ensino público básico e médio. Para estes ficam 50% das vagas, e para os negros e pardos 20%. Ou seja, quem estuda em colégio público no Brasil são cidadãos de classes menos favorecidas, onde o negro tem uma grande participação nas salas de aulas, o que de fato confirma as estatísticas que usei como exemplo acima. Assim sendo, os negros que estão na maioria nas escolas públicas, disputarão com cotas de 50% + 20% o que se não é garantia de uma vaga é um facilitador bastante injusto para os demais concorrentes a uma vaga nas universidades públicas.
Penso se não seria mais simples, mais coerente, e por isso mais justo, adotar-se apenas as cotas para alunos da rede pública do ensino básico e médio.
Por que da definição de critérios que aparentemente buscam corrigir distorções da história criando novas distorções?
É claro que as estatísticas que aqui apresentei, embora reais, não sejam absolutamente do “tamanho” que passo aqui, mas conceitualmente me parecem o bastante para passar para os leitores os valores que defendo. O Brasil ainda tem sim grandes diferenças sociais, mas não concordo em soluções paliativas onde se invertam injustiças. É quase acreditar no ditado que diz que “ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão”.
O que o Brasil precisa, e urgentemente, é melhorar a qualidade no ensino fundamental e médio das escolas públicas. Fazendo isso o índice de aprovação nas provas de acesso às universidades das classes menos favorecidas melhorarão com bons níveis de competitividade com os alunos da rede particular.
Já sobre as cotas para os índios, que sendo justo, também estão contemplados nesta lei de cotas para negros, pardos e índios, até posso, e talvez deva, parar e avaliar de forma diferente. Isso porque os índios no nosso país continuam sendo tratados como nos tempos coloniais, inclusive no paternalismo criminoso, como achar que é bonito induzir os mesmos a não adotarem conhecimento tecnológico e por isso se manterem à margem do desenvolvimento. Manter culturas e os seus valores não é sinônimo de manter parcelas dos cidadãos do planeta à mercê da competição do mundo ocidental, que se nos parece cruel é real e não volta atrás. Só poderá ser melhorado, mas sem hipocrisias paternalistas ocidentalizadas.

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