domingo, 5 de janeiro de 2014

Visita a Moçambique - 1a. Parte

Depois de aqui editar o ótimo texto do António Maria, Impressões de um turista e a fotografia em Moçambique, dentro do tema Moçambique, tomo a iniciativa de reeditar umas anotações que fiz na rede social Facebook sobre as minhas primeiras horas no país quando lá estive, em visita, em Maio de 2012.
Estas anotações foram feitas em quatro partes, e esta reedição talvez me venha a motivar a escrever sobre as impressões gerais que tive sobre o país que reencontrei durante os aproximadamente 20 dias que por lá estive.

_____________________

To Moçambique...

6 de Maio de 2012 às 18:37

Voo em Curitiba atrasado! O voo deveria sair às 13:15 hrs e esta previsto para as 14:00 hrs. Dez minutos depois já havia aumentado a previsão de atraso. Ainda não confirmado e já estava com uma previsão de duas horas de atraso. Deveríamos fazer a conexão em São Paulo às 16:00 horas. Parece que vai ser atribulado esse retorno a Moçambique depois de 37 anos ter saído do país de forma não muito planejada se transformando algo similar a uma ruptura entre a adolescência e a... e a ainda adolescência.
Consegue-se convencer a companhia aérea a nos acomodar em um voo da concorrente que sairia de Curitiba às 14:00 hrs. Peço á companhia original para me devolver a mala que já havia sido despachada, no que fui prontamente atendido e fizemos, eu e um colega, o novo check in. Agora o voo saiu pontualmente e chegamos a São Paulo uns minutos depois das 15:00 horas. Com a troca de voo agora tivemos que retirar a bagagem para fazer um novo check in, agora para o trecho internacional São Paulo a Maputo com conexão me Joanesburgo. Estávamos com tempo suficiente, mas a demora das bagagens criou uma certa angústia. Antes de embarcarmos ainda queríamos comer alguma coisa pois já passavam das 15:00 hrs e ainda não havíamos almoçado. No primeiro trecho um saquinho de amendoins e um refrigerante mostra o quanto o serviço de bordo vem caindo nos voos domésticos do Brasil. O grande aeroporto de Guarulhos com um visual de desgastado, precisando de uma boa revitalizada. Veem-se algumas placas com dizeres como “Desculpe o transtorno, estamos em obras para melhor atender os usuários”. Vai precisar de muita obra, de melhorias de infraestrutura, como de visual mais agradável de um aeroporto de uma das cidades que estará recebendo os turistas da Copa do Mundo que se aproxima em velocidade supersônica para os cronogramas das obras de preparação para este evento.
Saímos da sala de desembarque com as nossas malas com agilidade para o balcão da empresa aérea sul africana. Tínhamos a expectativa que enfrentaríamos ali uma grande fila já que sabíamos que o voo estava lotado e agora já eram quase 16:00 hrs. Ao lá chegarmos fomos atendidos de imediato e amavelmente pela funcionária brasileira da empresa. Não havia ninguém na fila! Em quanto procuro na mochila a minha carteira para pegar o meu bilhete de identidade de estrangeiro no Brasil, percebo a funcionária a desfolhar o meu passaporte português e de repente me pergunta: “O senhor pegou o visto de entrada em Moçambique?”. Pensei de imediato: ela deve estar a brincar ou afinal chegou foi a hora de acordar do sonho. Bom é que foi rápida a reação dela ao, antes mesmo de eu reagir ao seu questionamento, e me informar que já havia identificado o visto. Para eu me recompor é que não foi tão rápido, mas depois de ter o cartão de embarque pensei cá comigo. Esta gaja estava mesmo era a brincar comigo. Deve saber como estou me sentindo por dentro e quis foi tirar um sarro de mim!
Fomos fazer um lanche, um sanduíche beirute que estava muito bom, em especial para quem estava com fome. Em seguida fomos para o embarque e na alfandega a funcionária da Policia Federal, que verifica a documentação, foi mais camarada e não fez nenhuma piadinha. Carimbou o formulário de saída obrigatório para estrangeiros no Brasil mesmo que lá residentes e me devolveu o passaporte e o Modelo 19 (B.I. de estrangeiro) e me desejou boa viagem.
Parei, pensei: isto esta indo longe demais. Já não seria tempo de acordar? Às 17:30, já dentro do avião, mando um SMS para a minha mulher onde dizia: “Estou sentado dentro do avião. Afinal parece que é mesmo verdade que estou indo a Moçambique. Vos amo! Bjs.” Como estivesse me dando um beliscão, logo em seguida ouço um “blim, blim”, um aviso sonoro de entrada de um SMS no meu celular. Era a resposta da Cristina: “É mesmo, pai! Agora vais, que bom. Fico feliz que estejas realizando esse sonho. Bjs te amo muito.”
Oito horas de voo até Joanesburgo. Um ótimo voo. As estradas lá em cima em ótimo estado. Sem uma vibração, sem curvas, um ótimo atendimento da equipe de bordo. Como jantar um arroz soltinho com bife bem bom, considerando ao que se propõe uma refeição oferecida a 11.000 pés de altitude.
Problema só o não conseguir pegar no sono. Desliga a telinha na frente, liga telinha. Filme, jogo de Tetris, programas de TV, desliga, liga, filme, Tetris... e à uma hora da manhã acendem as luzes e começam a servir o café da manhã...bem, quando abri os olhos já estavam servindo o café da manhã. Afinal parece que havia cochilado. Mas a cabeça não parava de pensar, de trabalhar.
Abriram uma das janelas e o sol brilhava do lado de fora. Ali já eram mais de 6:00 hrs da manhã, levando em consideração a diferença de 5 horas no fuso horário. Um pouco depois começamos a sobrevoar Joanesburgo. Uma bela cidade vista de cima. Pousamos, desembarcamos, e conclui de novo. O nosso Guarulhos, Aeroporto Internacional de São Paulo, precisa mesmo, e urgente, de uma nova roupagem, uma melhoria de infraestrutura, como banheiros mais apresentáveis e limpos como os demais espaços do aeroporto. O aeroporto de Joanesburgo todo ele cheira bem. Belas lojas, um artesanato local lindíssimo, pessoas felizes, com sorrisos na cara.
Mas já estava bom de Joanesburgo. Queria mesmo era entrar logo no avião para chegar a onde vim. Maputo! Maputo já!
Agora com direito a um lugar na janela, começo a ver que nos aproximamos de Lourenço Marques... de Maputo. Saco da máquina
Primeiras imagens de Maputo
fotográfica e sem preocupações na qualidade do resultado das clicadas e sim com o registro daquele momento, disparo, disparo ao encontro da alegria de rever a terra onde nasci, da terra de onde me despedi de parte da minha adolescência, da terra que me ajudou em transformar em gente. É com certeza real sentir que parte das minhas moléculas pertencem a Moçambique e vice-versa. Isso não tem nada haver com sentimentos saudosistas, tipo como isto é bom ou como isto era bom. Ou como aqui é que devia estar vivendo. Nada disso, sem dores, só com muita emoção. Uma emoção legal.

Em terras moçambicanas...

Amanhã, se tiver tempo, conto mais...

5 comentários:

  1. Fico esperando a outras partes que publicaste no FB. Como sabes este teu irmão só é membro do Face to Face Club :-)

    ResponderExcluir
  2. Por pura teimosia, por achares que estando no Facebook terás obrigatoriamente avisares que estás na retrete e que te instalam câmaras nos ambientes por onde andas. O Facebook é só mais uma forma de estares "face to face" com quem te apetece.
    Falando em vantagens do Facebook, por exemplo, uso-o costumeiramente para dividir os posts aqui da Lanterna, e assim o fiz com o teu post. Pela qualidade do mesmo, o texto, está sendo bastante acessado, mas pela estatística do BlogSpot, mais de 80% dos acessos são por origem do Facebook. ;-)
    Mas vou sim colocando as outras 3 partes das primeiras horas em Moçambique.
    Abração.

    ResponderExcluir
  3. Mano, não adianta virar o disco... já publicaste aqui a minha opinião sobre isso. E te agradeço. Aliás até de confesso uma coisa. FB e eu temos até algo em comum. Não precisamos um do outro para sermos feliz. ;-)

    ResponderExcluir
  4. Aqui vou seguindo Zé Paulo !
    Se quiseres visitar o meu Blog e ser membro tenho muito gosto.

    http://cantinhodagracamoreira.blogspot.pt/

    Bjs. Vou ver as outras partes.

    ResponderExcluir