sábado, 18 de abril de 2009

Jornalista - ainda uma profissão perigosa em Moçambique

Recebi de um amigo um "recorte" de uma edição do Diário de Notícias desta semana, com a notícia abaixo. Fica-se apreensivo com estes factos, pois daqui para se chegar a uma tragédia como a do jornalista Carlos Cardoso é um passo.
Fica-se agora na expectativa de quais as consequências reais e formais para o acusador de Felismino Jamissone, e autoridades (orgãos da justiça local e do estado) quando se tem conhecimento que o empresário, de que a notícia não informa o nome, retirou a queixa um mês depois da detenção da vítima porque reaveu o dinheiro, pois afinal estava bem guardado por familiares (!), e o que vai ser investigado e concluído sobre as ameaças que o outro jornalista, Raimundo Matola, vem sofrendo do Secretario Permanente do distrito de Marrupa, Domingos Covane.

Com a devida vénia, do Diário de Notícias:

MISA-Moçambique denuncia detenção ilegal de jornalista
(Maputo) O MISA- Moçambique veio a publico denunciar actos de intimidação a dois jornalistas em serviço na província do Niassa, um dos quais detido durante um mês sem justa “causa”.
Os visados, segundo o MISA- Moçambique, são um produtor radiofónico da Rádio Comunitária de Mecanhelas, Felismino Jamissone, e um jornalista da emissora publica nacional, a Rádio Moçambique (RM), baseado em Lichinga, Raimundo Matola.
No primeiro caso, segundo a fonte, o produtor radiofónico foi ilegalmente detido nas celas da Polícia (PRM) no distrito de Mecanhelas durante cerca de um mes, entre Janeiro e Fevereiro do corrente ano, alegadamente por este ter furtado dinheiro de um empresário local. Em comunicado, o MISA- Moçambique refere que Jamissone, produtor de um programa sobre direitos humanos, no qual vários cidadãos intervêm criticando quase que constantemente a actuação dos agentes da PRM naquele ponto do sul do Niassa, “foi inexplicavelmente” acusado de ter furtado 60 mil Meticais, no decurso de uma festa de passagem do ano, na residência do empresário.
O Núcleo Provincial de Niassa do MISA-Moçambique apurou que a Procuradoria da República ao nível do distrito de Mecanhelas, desde princípio, não haver matéria para deter o acusado, recomendação que não foi acatada, tendo o produtor sido mantido em reclusão e mais tarde transferido para a Cadeia Distrital de Cuamba, para onde os indiciados em Mecanhelas eram, até recentemente, levados, uma vez que este distrito ainda não tinha juiz, refere o comunicado.
Porém, segundo o MISA, Jamissone viria a ser restituído a liberdade cerca de um mes depois, após o empresário, que o acusara, ter retirado a queixa, por alegadamente ter “recuperado” o seu dinheiro, afinal guardado em lugar seguro por membros da sua família na sua residência.
O segundo caso envolve o jornalista da RM, Raimundo Matola, e o Secretario Permanente do distrito de Marrupa, Domingos Covane.
Matola afirma estar a ser alvo de telefonemas intimidatórios provenientes do Secretário Permanente que não terá gostado de um despacho noticioso seu no “Jornal da Manha” da RM, do dia 30 de Março último.
No referido despacho, Matola reproduziu criticas feitas a administração daquele distrito pelo Ministro de Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia, durante a sua última visita aquele distrito, entre os dias 26 e 28 de Mar passado, onde deplorou os magros resultados alcançados pelo distrito na aplicação de Investimento de Iniciativa Local, vulgo ‘Sete Milhões’.
Reagindo ao despacho noticioso contendo as críticas de Cuereneia, segundo o MISA, o Secretario Permanente de Marrupa, Domingos Covane teria enviado uma mensagem por telemóvel dizendo que o jornalista “destruiu o governo de Marrupa” e que assim fez por não lhe ter sido oferecido comida.
Covane termina a sua mensagem ameaçando o jornalista de vir a “passar mal”.


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