quarta-feira, 17 de março de 2010

Irena Sendler

"Não se plantam sementes de comida. Plantam-se sementes de bondade e amor. Tratem de fazer um círculo de bondade e estas sementes crescerão mais e mais... muito mais".


(Irena Sendler)


Corre nestes dias um e.mail, retardatário, que nos relembra o falecimento de uma heroína que falaeceu a 12 de Maio de 2008. Algumas pessoas estão assimilando como se ela tivesse acabado de falecer. Não vejo este equivoco como importante. Importante de fato é, por qualquer meio lícito, lembrarmo-nos desta Mulher e dos ensinamentos que nos deixou.

Irena Sendler faleceu reconhecidamente como uma das grandes heroínas quando do Holocausto dos judeus na II Guerra Mundial.

A sua coragem fez com que mais de 2.500 crianças judias tenham sido salvas, quando como alemã tinha informações privilegiadas sobre os planos nazistas na invasão à Polônia.

Como sinal de solidariedade e também como forma de não chamar atenção sobre si, tinha a Estrela de David tatuada no braço e andava pelas ruas do Gueto de Varsóvia convencendo as famílias a deixarem-lhe levar os seus filhos daquele lugar para que os mesmos tivessem esperanças de sobrevivência. Quem acreditou nela salvou os seus filhos. Quem não conseguiu acreditar nela, o que é bastante compreensível, acabou por acompanharem a retirada dos seus filhos pelos nazistas quando estes foram encaminhados por trens a caminho dos “campos da morte”.

Usou de todos os artifícios possíveis para dali retirar estas crianças, desde informar aos nazistas que tirava crianças do bairro com tifo, até treinar o seu cachorro a ladrar quando avistava um nazista. Este cão andava sempre na caçamba da sua camionete, onde ali transportava crianças dentro de sacos e cestos como se fossem mercadorias (batatas e outros). Ao ladrar os nazistas acabavam por não se esforçarem a revistar o seu carro e por outro lado o barulho do latido abafava possíveis sons originados pelas crianças.

Esta Mulher não só salvava as crianças como olhava a possibilidade destas crianças virem a encontrar, tempos depois, algum familiar; anotava os nomes verdadeiros destas e as sua novas identidades e quando do fim da guerra entregou duas garrafas de vidro onde constavam estas listas de nomes, que haviam ficado enterradas no jardim de uma vizinha, ao Dr. Adolfo Berman que foi o primeiro presidente do Comitê de Salvamento dos Sobreviventes Judeus.

Chegou a se presa pela GESTAPO, cruelmente torturada e condenada à morte. Não foi executada porque um soldado alemão, quando a levava para a execução, desviou o caminho dizendo que a direcionava para um “interrogatório especial” e libertou-a. Passou a estar na relação dos poloneses executados e viveu até ao fim da guerra na clandestinidade mas sempre atuando a favor da proteçção dos judeus.

Se foi um dia reconhecida como uma heroína, mostra também que prêmios como o Nobel da Paz são extremamente injustos, fazendo com que ele(s) se tornem sem valor algum. Esta Mulher chegou a ser indicada para o Nobel da Paz em 2007, mas um tema na moda, que não deixa de ser importante se assim for tratado, direcionou o ex vice-preesidente americano Al Gore com a defesa do meio ambiente. Um premio para quem nem mesmo consegue convencer o seu país a ter uma posição mais responsável por algo que também aflige o mundo e que além de conceitos bem apresentados em um documentário, não fez absolutamente nada.

Melhor prémio será não esquecermos da Sra. Irena Sendler e dos conceitos de solidariedade e humanismo desta que deve ser referencia para todos nós.

Um comentário:

  1. Correr contra o tempo e navegar contra a corrente. Capacidades humanas e cívicas que nem todos possuem. Que a sua coragem se mantenham com exemplo e uma chama viva iluminando as gerações futuras.

    António Maria

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