terça-feira, 24 de agosto de 2010

Ainda as touradas...do João Tunes

A argumentação do Paulo Santiago para bater nos comentários dos anti-touradas no “post” do João Tunes, do Água Lisa, tem pontos interessantes que penso devem ser refletidos.

1- Começa por se mostrar, o Paulo Santiago, um apreciador das touradas, diferentemente dos comentadores anteriores, mas que democraticamente aceita quem não goste e até, cheio de bom senso, sem imposições das suas verdades. No entanto classifica de falso moralista um dos comentadores anteriores (eu?!), exatamente porque não pensa como ele;

2- Classifica de falso moralista porque esse comentador estaria levantando a questão que no pulo do boi para as arquibancadas quem leva a pior é uma criança de 10 anos levada, possivelmente, pelo seu pai. Tenta esclarecer que crianças também se machucam numa outra bancada qualquer, até mesmo em um cinema. Imagino a cena de um boi sendo atiçado e maltratado entrando por um cinema adentro, ou até mesmo um personagem de um filme, maltratado pelo inimigo, saltando da tela e sair ao estalo com o pessoal da platéia. Penso mesmo que o Paulo Santiago imagina ser saudável levar uma criança de 8 aninhos assistir o “Exorcista”...é que neste caso podemos mesmo dizer, ainda que simbolicamente, que algumas cenas saiam da tela e entrem nos pesadelos e inseguranças desta criança.

Aqui o Paulo Santiago não separa as causas de um possível pânico. Coloca tudo no mesmo tacho. Não deixa de ser uma forma de analisar, ainda que longe da “minha verdade”, ou melhor, da minha lógica de analisar um evento.

3- Defende o Paulo Santiago que quem não gosta de touradas, e aqui ele não aponta o dedo só para os falsos moralistas, se esquecem que os touros nascem e são criados para serem toureados, ou seja, para serem torturados, como se isso fosse um ponto positivo e não negativo. Bem, não deixa de ser uma forma de se ver o tema, ainda que longe de passar perto da “minha verdade”, ou seja, da minha lógica ao analisar um evento, neste caso o evento especifico “touradas”. É que não consigo ver algo como positivo como se criar e treinar cães que servirão apenas para um dia serem cães de briga...nem galos, nem qualquer outro animal irracional sendo induzido por ditos animais racionais a viverem para morrerem para divertir. Mas penso que esta “minha verdade” deve passar mesmo longe da verdade do Paulo Santiago. E neste caso tenho até receio que o Paulo Santiago passe a defender a minha verdade; não vá ele propor para se exterminar os pobres cães e galos, pelo menos o das raças que fisicamente melhor se adaptam ao estilo do “esporte” a serem envolvidos.

4- Diz também o Paulo Santiago que os anti-touradas esquecem-se da mesma forma que os toureiros travam uma luta leal e nobre com o boi (teimo em achar que é boi e não vaca, ainda que não castrado). Não conta ele é os detalhes dessa lealdade, como antes do tal “matador” contar com a estratégia de se fazer com que a força do boi se iguale ao mesmo. Neste caso igualar-se por baixo. Não detalha ele que depois da cornetada no “shofar” entram na arena um boi, aproximadamente três toureiros, mais de meia dúzia de banderileros com as suas leais lanças tendo na ponta uns doces arpões, um ou dois cavaleiros, os famosos picadores dos bois, e ainda mais uma meia dúzia de auxiliares de banderilleros e picadores. Todo este nobre grupo, em forças de igualdade com o boi, trabalham para que este animal de chifres canse, perca forças até jorrar sangue pela boca, e ofegante encare um leal e nobre matador para lhe dar o golpe final com a sua espada, real ou de mentirinha quando se adia a morte para a tal segunda-feira.

5- É que defende o Paulo Santiago que a tourada em Portugal, diferente da Espanha e outros lugares, não se consuma na morte do boi dentro da arena por herança do Salazar, com o seu espírito de falso moralista. Não é que aqui concordo inteiramente com o Paulo Santiago? Os defensores do Salazar realmente apregoam que a ditadura deste fenômeno não matou assim tanta gente e que só torturava um pessoal assim que meio avesso às suas verdades. Ou seja, que o Salazar no fundo era bom homem. É que parece que só matava os bravios e selvagens... os ditos que tinham uma visão radicalmente diferente da verdade dele...mas nunca aos domingos, por ser um dia santo...contam que esses bravos homens só levavam o golpe final às segundas!

5- E o fechamento do Paulo Santiago é triunfal. Parece mesmo que em pose de grande toureiro. Diz ele: “Terminando, só vai à tourada quem quer... Só acredito no moralismo dos anti-touradas quando passarem a ser vegetarianos...”.
Fico só na dúvida se o boi chegou lá pagando bilhete, como convidado ou como convocado.
Sim...mais uma dúvida! Será que o Paulo Santiago é conhecedor do que se trata de uma cadeia alimentar? Olha que neste caso não falo aqui da cadeia do Salazar. Falo da sequência de seres vivos alimentando-se uns dos outros.

Será que os leões também toureiam gazelas? Penso que não, afinal são irracionais.



* Foto roubada no Blog do CKO

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6 comentários:

  1. Oh Zé Paulo,verifico que é um fundamentalista
    anti-tourada,e contra fundamentalismos não há
    muito para dizer.Não sei a que propósito aparece o"exorcista"...também pode aparecer uma
    situação de pânico num cinema a passar o"rato
    mickey"...
    Lutas de cães,não me queira tocar por aí,isso
    é do domínio da banditagem,empregando um termo
    da sua terra.Essas lutas,é uma actividade
    clandestina,marginal,é crime,não existe nenhuma
    raça canina nascida para essa actividade de bas
    -fond, contráriamente aos touros de lide,que há
    centenas de anos nascem para a tourada que é um espectáculo perfeitamente legal.Vocês,anti-
    tourada,só falam do touro,esquecem o homem que,
    quantas vezes, pisa "terrenos" que lhe são desfavoráveis,e acontece uma"colhida"que pode
    acabar em morte...para o homem.
    Claro que o Salazar,até nesta das touradas,
    num país de"brandos costumes"como diziam,torturava nas cadeias,mas não permitia
    o climax da morte na arena,mas" há sempre alguém que resiste,há sempre alguém que diz não"e no dia 31 de Agosto de 1970,há precisos
    40 anos,em vésperas de me enviarem para a guerra,esta sim abdominável,fui a Barrancos a
    uma corrida com touros de morte.Gostei...
    Já agora,deixem as touradas,manifestem-se contra as lapidações no Irão.

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  2. Paulo,

    Parece que eu sou fundamentalista para uma claque e você para outra. Esse tipo de classificação é como querer classificar alguém como “politicamente incorreto ou correto”. Afinal há que sempre perguntar: Politicamente correto para que turma?
    Mas se você quer dizer com isso que eu tenho convicção que a tourada não é algo aceitável para o Séc. XXI, que nada de nobre ou leal existe entre o duelo de homens com um animal, sim, sou um fundamentalista.
    Sobre a colocação figurativa do filme “Exorcista”, foi uma tentativa de mostrar que existem de fato, até o seu rato, várias causas que possam gerar pânico. Pode mesmo ser um filme o causador, desde que apresentado para a platéia errada. A diferença esta é nos motivos, o que causa o pânico. Por exemplo, não devemos colocar no mesmo tacho um atirador dando tiros no meio de uma universidade com um rato passando entre pernas de pessoas com fobia a este roedor. Da mesma forma que não se pode colocar no mesmo saco as pessoas que não acreditam ser uma boa alternativa a do divertimento à custa do sofrimento de animais e os vegetarianos. Já dizia o outro que “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”.
    Pessoalmente não esqueço nada do homem que por vezes leva com uma chifrada. Sei é que ele esta ali por opção e o boi não, e não me venha com a falsa justificativa que alguma raça de boi surgiu já moldada para que um dia fosse inventada a tourada.
    Sobre o Salazar ficou reforçado que estamos de acordo.
    Sobre não lhe tocar a questão das rinhas de cães e galos porque é a bandidagem que lida com isso, perguntar-lhe-ia se é isso que acontece em Portugal, pois sabemos que ainda em muitas partes do planeta estes ditos esportes não são vistos como ilegais, ainda que com o andar dos tempos o “tradicionalismo” comece a perder para aquilo que a “minha” verdade diz ser mais coerente. Ou seja, os “tradicionais”, não necessariamente bandidos, comecem a perder para valores mais nobres onde estão incluídos conceitos da proteção dos animais. Só para usar o exemplo da Espanha das touradas, também já foi este um país onde as rinhas de galos não foram proibidas assim há tanto tempo, em excepção nas Canárias onde são ainda consideradas legais e promovidas. Parece que no caso das rinhas de galo na Espanha a proibição não começou pela Catalunha mas também por lá já chegou.
    Por fim, sim, também devemos nos manifestar contra as lapidações no Irã, algo realmente cruel, e que mesmo que os tradicionalistas de lá se vejam cheios de razão, está mesmo longe da minha verdade...e neste caso vejo que felizmente também da sua.

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  3. Leão sem fé no Liedson30 de agosto de 2010 às 04:07

    Os bois generosos puxando uma charrua para semear milho, ou um cavalo ou um jegue carregando alforges ladeira acima, tudo a troco de um molho de palha e um balde de vianda, tambem traduz violência.

    Mas um labrador ou um perdigueiro, num sofá de um apartamento de um 3º andar com elevador, impedido de um espaço, onde volta e meia ele próprio escolha onde dormite, e ele próprio escolha a hora e a árvore onde dê de corpo, ainda é mais violência.

    Mas o mundo é assim mesmo.

    Mas que bom podermos estar no Brasil, em Portugal e Moçambique, falando no idioma do Lula.

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  4. Nas dos cães ainda vou na sua...
    ;)

    ...e também não esperava levarem o Lula ao lugar de Camões!!! Tudo bem que nem em Portugal se fala mais o português do Camões,...

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  5. DEIXA AS TOURADAS???? NUNCA

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  6. paulo santiago , NEM PRESCISA TIRA SUA FOTO DO SEU BLOG, ESPERO DE CORAÇÂO QUE NÂO SEJA VC,POR QUE ÈSTA FOTO VAI FICAR NEGATIVAMENTE FAMOZA OK?

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